sábado, 9 de janeiro de 2010

Historia Dogde

O primeiro produto fabricado pela Chrysler no Brasil foi o Caminhão D-400, lançado no início de 1969, mas no mês de outubro era lançado o primeiro automóvel puro sangue da Chrysler, o Dodge Dart. Inicialmente o Dart era fabricado na versão 4 portas, em um único nível de acabamento e já como linha 1970. Moderno e atual para a época, era basicamente o modelo americano fabricado no mesmo ano. Os principais atrativos do Dodge Dart eram suas linhas retas e harmoniosas, demonstrando se um carro robusto e forte. Sua principal virtude era seu motor V8 (o maior motor produzido no Brasil para veículos de passeio). Este motor possuía 5.212 centímetros cúbicos (cm3) ou 318 polegadas cúbicas (pol3), gerando 198 HP (potência declarada pela Chrysler para não aumentar a taxa de licenciamento que era maior para carros com potência superior a 200 HP) e um torque de 41,5 kgm (Kilogramaforça x metro) a 2.400 rpm (Rotações por Minuto), o que lhe dava um funcionamento macio e silencioso, mas quando solicitado demonstrava o por quê da fama dos motores 8 cilindros. Outro destaque do motor era a sua impressionante durabilidade e a grande possibilidade de venenos.
O Dodge Dart era um carro gosto de se guiar sendo dócil e ágil, transmitindo segurança graças à firmeza das suspensões (um pouco duras, mas não a ponto de prejudicar o conforto) que o mantinha estável até nas curvas mais fechadas.
Uns dos problemas mais citados no lançamento do Dart era seu acabamento pobre, motivado pela política da Chrysler de oferecer um carro com preço mais baixo possível (NCr$ 23.950), abrindo-se a um mercado situado entre as versões mais caras do Opala, Willys Itamaraty e FNM 2150; e abaixo do Ford Galaxie/LTD. Outros inconvenientes eram a baixa autonomia oferecida pelo tanque de apenas 62 litros, o consumo de combustível, caixa de direção muito desmultiplicada necessitando de muitas voltas para esterçar as rodas, as calotas eram de difícil remoção, cinzeiros pequenos e rasos, bancos dianteiros mal posicionados e os freios, não que estes fossem ruins, mas seria aconselhável discos na dianteira para melhorar a frenagem. Mas o que realmente atrapalhava era eixo traseiro rígido, que não permitia boa aderência em pisos irregulares.
Em testes o Dart cravou quase 180 km, acelerou de 0 a 100 Km/h em 12 segundos e consumiu 5,5 Km/Litro na cidade e 7 Km/Litro na estrada.
A Chrysler oferecia diversos opcionais: Frisos nas laterais e no contorno dos pára-lamas em alumínio, garras de pára-choque, teto de vinil e pneus faixa branca. O Dart era disponível nas cores Amarelo Carajá, Azul Profundo, Azul Abaeté, Verde Imperial, Branco Polar, Vermelho Chavante e Preto Formal. Os bancos podiam ser da cor verde, azul ou preto, dependendo da cor da carroceria.
No final de 1969 a Chrysler já tinha fabricado 3.366 unidades de seu carro. Já em 1970, o Dodge Dart foi eleito o carro do ano pela revista Auto Esporte. No mesmo ano se tornou o líder de vendas no mercado de carros de luxo, tendo 41,4% do mercado. A Chrysler queria mais, melhorou a linha de produção, chegando a 60 carros/dia. Também para melhorar a imagem do Dart, este começou a ter como opcional freio a discos dianteiros com auxiliar a vácuo (servo-freio). Ocorreram acertos no acabamento e suspensão, além de melhoramentos no trambulador do câmbio.
Em Outubro de 1970 a Chrysler apresentou a nova linha 1971 lançando o Dart Coupê, com duas portas sem coluna central (visto que na época o mercado preferia carros duas portas). Oferecido nas versões, Básica e Luxo, qual disponibilizava como itens de série: Rádio, limpador de pára-brisa de duas velocidades, luzes de ré, acendedor de cigarros e refletores laterais; como opcionais existiam: Direção hidráulica, garras nos pára-choques, friso central no porta-malas acompanhando o centro das lanternas, frisos laterais e super calotas (a versão básica vinha com calotas pequenas com a estrela de três pontas da Chrysler). A calota pequena era estampada em aço e depois cromada; e fixada na roda por "ranhuras" existentes na mesma, sendo exclusividade da versão Coupê (o sedã continuava a vir com as super calotas). Uma simplificação no Dart foi a troca dos frisos de alumínio (opcionais) que marcavam a linha de cintura, por uma faixa plotada em preto ou branco, que seguia a linha superior da lateral. Em 20 de Novembro de 1970 iniciava-se o 7º Salão do Automóvel, inaugurando o Parque Anhembi, onde a grande sensação era um novo esportivo nacional e um dos únicos “Muscle Car” nacionais.
Curiosidades: Um fato interessante é que a fábrica numerou o chassi do primeiro dodge a partir de 500 para passar ao consumidor a impressão de que a fábrica já tinha vendido pelo menos 500 Dodges!!!! Outro motivo para isto, é que o consumidor poderia ter receio de comprar um dos primeiros Dodges, com medo que estes viessem com defeitos de fabricação.
Os Dodge Dart de 1969 modelo 1970 realmente tinham o acabamento bem abaixo dos modelos fabricados após 1970, tanto que não possuíam comando interno para abertura do capô, este comando era uma trava após a grade do motor. Outro indício de economia era a tampa do bocal de combustível que não possuía chave. Mas esta foi uma estratégia da Chrysler para reduzir o preço final do Dart e conseguir estabilizar o modelo no mercado, mas na metade de 1970, a Chrysler mudou sua política sobre os opcionais dos seus carros, sendo possível, então, a instalação de alguns opcionais pelas concessionárias. Isto favorecia o consumidor que podia comprar um carro mais barato e sem luxo ou adquirir um carro mais completo. Estas mudanças se refletem hoje na dificuldade de saber a originalidade de alguns itens e identificar corretamente um carro, pois a plaqueta de identificação dos Dodges, onde constam os opcionais, modelo, etc. não era atualizada pelas concessionárias.
O Dodge Dart foi o primeiro automóvel nacional a possuir frente deformável, que tem como objetivo absorver parte dos impactos frontais, diminuindo os riscos de ferimentos nos passageiros. Mas o curioso é que este item foi testado no lançamento do carro em São Paulo, quando um jornalista acabou acertando uma árvore. Neste teste (ou susto) o jornalista saiu ileso, provando a segurança do Dodge Dart.
Antes do lançamento do Dart Coupê, era cogitado que este recebe-se um veneno leve que aumentaria sua potência para 230 HP e que seria lançado o Dart GT, com motor de 383 polegada cúbicas (6.279 cm3) e potência de 290 HP (pena que estes boatos não se tornaram fatos). Uma mudança quase imperceptível: as letras DODGE na tampa traseira que eram centralizadas e bem divididas, após 1970 ficaram posicionadas a direita do porta-malas e mais próximas umas das outras.

Retirada silenciosa (1981 – Fim de fabricação)
Novamente o presidente da Volkswagen afirmava os investimentos na Chrysler, sendo parte dos 50 milhões investidos no estimulo as linhas existentes e a grande parte na nova linha de caminhões da Volkswagen e afirmava que os automóveis Dodge seriam fabricados até, no mínimo, em Dezembro.
O tempo mostrava o que a Volkswagen queria, pois contrariando as outras montadoras que investiam na fabricação de motores movidos a álcool, não investia no motor do Polara, somente no motor V8 (que equiparia os caminhões Volkswagen futuramente).
Um pouco antes do meio do ano o símbolo da Chrysler foi substituído pelo emblema da Volkswagen na fabrica da Via Anchieta, São Paulo e a nova linha de caminhões (Projeto Dodge) foram lançados com com emblema da Volkswagen. Em Agosto de 1981 eram encerradas as produções do Polara e da linha Dart. As instalações da fábrica foram utilizadas as instalações até 1995.
Neste ano foram produzidos 1.416 automóveis Chrysler, o Charger R/T sumiu silenciosamente, a linha Dart não sofreu mudanças, sendo idênticos aos modelos 1980. A única inovação ficou restrita ao Polara GL, que passou a receber o mesmo painel que equipava o modelo GLS, distinguindo-se apenas pela ausência do conta-giros e os relógios de temperatura de óleo e amperímetro.
Infelizmente o que ocorreu foi que os Dodge V8 não tinham mais mercado (por causa de seus preços e do custo da gasolina), sendo vendidos à média de 6 a 10 Dart em um mês. Já no caso do Polara, que tinha um mercado em acensão até 1980, este era concorrente direto do Passat, da VW e além de mais bem acabado, era mais barato que o carro alemão, por isso não houve interesse em mantê-lo em produção, ao contrário do que ocorreu na Argentina, onde a VW não possuía um veículo médio em produção e tratou de atualizar o então Dodge 1500 e vendê-lo com a denominação de VW 1500, tendo sido produzido naquele país até 1986, substituído então pelo Voyage.
O que a VW realmente ela queria da Chrysler do Brasil era sua linha de produção e a tecnologia americana na fabricação de chassis para caminhões. Foi com esta tecnologia e com as instalações da Chrysler que a VW entrou no lucrativo mercado de caminhões, um de seus melhores negócios nos dias de hoje. Várias versões dos caminhões VW, denominadas de Canavieiros, foram produzidas e vendidas (havia incentivo do governo para isso) para usinas produtoras de álcool equipadas com um motor a álcool, o famoso e velho conhecido V8 318, dos Dodges. Este motor esteve em produção até 1986 e mesmo versões a gasolina foram produzidas para equipar os modelos 6.90 (caminhões urbanos) exportados para a América do Sul, especialmente Colômbia e Venezuela.
Curiosidades: De 1969 a 1981 foram fabricados 91000 unidades de dodges V8, aproximadamente. Já no ano de 1967 nos EUA foram fabricados 154.496 Dart's, em 1968 171.771 unidades e 1969 195.685 unidade, isto é claro sem crise do petróleo, mas demonstra a diferença dos mercados entre os dois países na época. Por este motivo várias peças de difícil localização aqui, podem ainda serem encontradas nos EUA. No caso do Dodge 1800/Polara foram fabricados 92.665 unidades e seu irmão Argentino (Dodge 1500) tem muitas peças em comum que podem ser utilizadas para a manutenção do Dodge brasileiro.
Ainda falando de Argentina, o motor do Dodginho, que lá era produzido com 1500cc (basicamente era idêntico ao nosso, mudando apenas diâmetro e curso dos pistões) foi utilizado durante muitos anos (mesmo após o encerramento de sua produção) na Fórmula 2, que era a categoria máxima do automobilismo Sul Americano. Este motor foi o maior vencedor nesta categoria, que tinha como regulamento a utilização de motores de até 1600cc. O mago da preparação deste pequeno canhão chama-se Orestes Berta e até hoje produz motores e componentes para competição. Muitos destes componentes, como amortecedores, comandos de válvulas, carburação e coletor, chegaram ao Brasil na década de 70 e equiparam os Dodginhos “fortes” que rodavam por aqui. Ainda hoje é possível montar um motor canhão para o Dodginho com as receitas e peças da oficina do Orestes Berta.